{"id":11545,"date":"2021-05-03T10:37:32","date_gmt":"2021-05-03T10:37:32","guid":{"rendered":"https:\/\/findoutnazare.pt\/?p=11545"},"modified":"2021-09-02T08:49:59","modified_gmt":"2021-09-02T08:49:59","slug":"etnografia","status":"publish","type":"post","link":"https:\/\/findoutnazare.pt\/es\/etnografia\/","title":{"rendered":"Etnografia"},"content":{"rendered":"

F<\/strong>olclore<\/p>\n\n\n\n

A originalidade do folclore da Nazar\u00e9 adv\u00e9m, sobretudo, do forte e bem marcado car\u00e1cter dos nazarenos. Dan\u00e7am o vira \u2013 que sendo de origem nortenha ganhou aqui movimentos e caracter\u00edsticas r\u00edtmicas \u00fanicas \u2013 bem como o corridinho (vindo do Algarve e transformado ao ritmo dos nazarenos), com tanta energia que deixa bailadores e assist\u00eancia sem f\u00f4lego. Dan\u00e7am e cantam ao mesmo tempo, sem coro ou m\u00fasica gravada, com alegria e graciosidade. Um \u201cbailado\u201d de ritmo e cor. Dan\u00e7am descal\u00e7os, como dan\u00e7avam, na praia, pescadores e peixeiras, ao som dos rudimentares instrumentos usados nas festas da classe piscat\u00f3ria \u2013 que \u00e0 falta de melhor, tocavam com duas pinhas, uma garrafa com garfos e um c\u00e2ntaro de barro batido com um abanador \u2013 aos quais, posteriormente, foram juntando o harm\u00f3nio, a concertina (e depois o acorde\u00e3o) e o clarinete, que a tocata utiliza. As letras e m\u00fasicas do folclore nazareno reflectem a forte liga\u00e7\u00e3o desta gente ao mar e \u00e0 faina da pesca, gente esta que vivendo quase sempre na incerteza do futuro, t\u00eam a capacidade de viver com um sorriso nos l\u00e1bios, desafiando as reviravoltas da vida. <\/p>\n\n\n\n

El Traje tradicional <\/strong><\/p>\n\n\n\n

Marca cultural de um povo e da sua forma de estar, o traje ilustra, na Nazar\u00e9, a viv\u00eancia do mar e da pesca. Funcional e pr\u00e1tico ou harmonioso e elaborado, o modo de vestir reflete a personalidade dos nazarenos. Adaptado ao longo dos anos, n\u00e3o s\u00f3 \u00e0s necessidades da vida e da faina, mas tamb\u00e9m \u00e0s tend\u00eancias da moda (altura das saias, tecidos e padr\u00f5es), sobretudo o traje feminino, que ainda hoje continua a ser bastante usado no dia-a-dia desta terra, nomeadamente pelas senhoras de mais idade, estado por isso longe de ser uma pe\u00e7a museol\u00f3gica. O traje do pescador era adaptado \u00e0s condi\u00e7\u00f5es da vida mar\u00edtima, oferecendo liberdade de movimentos, sendo simultaneamente leve e agasalhador. Os tecidos mais comuns para a confe\u00e7\u00e3o das camisetas e ceroulas que usavam, eram o escoc\u00eas, a caxemira axadrezada e o surrobeco. Para completar o traje usavam barrete preto de l\u00e3 e cinta preta enrolada \u00e0 volta da cintura. Nem as ceroulas nem as camisas tinham bolsos e os objetos pessoais eram guardados no barrete. Normalmente o pescador andava descal\u00e7o. Na voragem do tempo o traje masculino deixou de ser usado, sendo apenas na \u00e9poca de Carnaval que as denominadas \u201ccamisas \u00e0 pescador\u201d voltam a ser usadas. Atualmente s\u00e3o os grupos folcl\u00f3ricos da vila que nos d\u00e3o a conhecer este traje. De trabalho ou de festa, o traje reflete n\u00e3o s\u00f3 a forte personalidade das nazarenas, mas adapta-se tamb\u00e9m \u00e0 sua lida di\u00e1ria \u2013 amanho, venda e seca de peixe. \u00c9 por isso pr\u00e1tico, funcional e protetor do frio e da maresia, permitindo-lhes movimentos desembara\u00e7ados, mas mantendo-as sempre compostas. No traje de trabalho as mulheres usam saia de baixo branca, por cima desta 2 ou 3 saias de flanela colorida caseadas a l\u00e3; algibeira; saia de cima de caxemira ou terilene; avental de cor escura e com bolsos; casaco ou blusa simples; cachen\u00e9; xaile tra\u00e7ado e chinelas. Nos dias de festa e dias santos a nazarena mostra toda a sua graciosidade e eleg\u00e2ncia, bem como a riqueza da fam\u00edlia. Usa saia de baixo branca, por cima v\u00e1rias saias de tecido claro debruadas a crochet de v\u00e1rias cores (as famosas 7 saias), cobrindo-as a saia de cima de escoc\u00eas ou terilene plissada ou de chita azul com barra de veludo preto; rematando o conjunto, o avental de cetim artisticamente bordado; blusa florida com mangas de renda ou casaco de veludo bordado na gola e nos punhos; cachen\u00e9 (len\u00e7o); capa preta; chinelas de verniz; cord\u00e3o e brincos \u00e0 rainha ou argolas de ouro. <\/p>\n\n\n\n

A<\/strong>s 7 Saias<\/p>\n\n\n\n

As sete saias fazem parte da tradi\u00e7\u00e3o, do mito e das lendas desta terra t\u00e3o intimamente ligada ao mar. Diz o povo que representam as sete virtudes; os sete dias da semana; as sete cores do arco-\u00edris; as sete ondas do mar, entre outras atribui\u00e7\u00f5es b\u00edblicas, m\u00edticas e m\u00e1gicas que envolvem o n\u00famero sete. A sua origem n\u00e3o \u00e9 de simples explica\u00e7\u00e3o e a opini\u00e3o dos estudiosos e conhecedores da mat\u00e9ria sobre o uso de sete saias n\u00e3o \u00e9 coincidente nem conclusiva. No entanto, num ponto todos parecem estar de acordo: as v\u00e1rias saias (sete ou n\u00e3o) da mulher da Nazar\u00e9 est\u00e3o sempre relacionadas com a vida do mar. As nazarenas tinham o h\u00e1bito de esperar os maridos e filhos, da volta da pesca, na praia, sentadas no areal, passando a\u00ed muitas horas de vig\u00edlia. Usavam as v\u00e1rias saias para se cobrirem, as de cima para protegerem a cabe\u00e7a e ombros do frio e da maresia e as restantes a taparem as pernas, estando desse modo sempre \u201ccompostas\u201d. A introdu\u00e7\u00e3o do uso das sete saias foi feito, segundo uns, pelo Rancho Folcl\u00f3rico T\u00e1-Mar nos anos 30\/40, segundo outros pelo com\u00e9rcio local no anos 50\/60 e ainda de acordo com outras opini\u00f5es as mulheres usariam sete saias para as ajudar a contar as ondas do mar (isto porque \u201c o barco s\u00f3 encalhava quando viesse raso, ora as mulheres sabiam que de sete em sete ondas alterosas o mar acalmava; para n\u00e3o se enganarem nas contas elas desfiavam as saias e quando chegavam \u00e0 \u00faltima, vinha o raso e o barco encalhava\u201d). O uso de v\u00e1rias saias pelas mulheres da Nazar\u00e9 tamb\u00e9m est\u00e1 ligado a raz\u00f5es est\u00e9ticas e de beleza e harmonia das linhas femininas \u2013 cintura fina e ancas arredondadas, (esta poder\u00e1 ser tamb\u00e9m uma reminisc\u00eancia do traje feminino de setecentos que as damas da corte usavam – anquinhas e mangas de renda – e que pavoneavam aquando das visitas ao Santu\u00e1rio da Senhora da Nazar\u00e9), podendo as mulheres usarem 7, 8, 9 ou mais saias de acordo com a sua pr\u00f3pria silhueta. Certo \u00e9 que a mulher foi adoptando o uso das sete saias nos dias de festa e a tradi\u00e7\u00e3o come\u00e7ou e continua at\u00e9 ao presente. No entanto, no traje de trabalho s\u00e3o usadas, normalmente, um menor n\u00famero de saias (3 a 5).<\/p>","protected":false},"excerpt":{"rendered":"

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