A vila da Nazaré é constituída por 3 núcleos populacionais importantes: Praia, Sítio e Pederneira, e pela povoação de Fanhais.
A designação Nazaré é atribuída, desde 1912, ao conjunto urbano formado pelos núcleos populacionais da Praia, do Sítio e da Pederneira, com origens cronológicas e comunitárias diferenciadas, que se encontram urbanisticamente interligadas.
Esta ligação advém da sua expansão natural, mas sobretudo, mais recentemente, da criação de novos núcleos residenciais, tais como a Urbisol, o Rio Novo e a Nova Nazaré.
Terra de pescadores desde o século XII, a Pederneira era então denominada Seno Petronero, que significa Golfo da Pederneira. Situava-se, nessa época, mais para o interior e era a pesca na Lagoa a fonte de riqueza da vila. Desenvolvida, no final do século XV, com a chegada dos pescadores da assoreada e despovoada vila de Paredes, foi um dos mais importantes portos de mar dos Coutos do Mosteiro de Alcobaça. Sede de concelho, a Pederneira era, a seguir a Alcobaça, a vila mais populosa e produtiva dos domínios de Cister.
O Rei D. Manuel I concedeu-lhe Foral em 1514. Na época áurea dos Descobrimentos Portugueses – séculos XV e XVI – foi um dos mais activos estaleiros navais do reino, de onde saíram muitas naus e caravelas. Pelo porto da Pederneira eram escoadas mercadorias e as madeiras do Pinhal do Rei, para a capital e além-mar. Da sua população de pescadores foram recrutados muitos bravos marinheiros, destacando-se o mítico calafate e mareante Bastião Fernandes, que terá sido marinheiro na Rota das Índias.
O desenvolvimento do Sítio e o progressivo afastamento do mar, devido ao assoreamento da Lagoa, levaram à decadência da Pederneira, em finais de setecentos. Nem a vinda dos Ílhavos e de outros pescadores e marítimos da zona da Ria de Aveiro para a vila lhe deu ânimo. Lentamente os seus habitantes vieram fixar-se na enseada, perdendo assim o estatuto de sede do concelho que passou para a Praia.
Após um longo período de algum abandono, lentamente a Pederneira recobrou a vida ao longo do século XX.
A Praia da Nazaré é de ocupação humana relativamente recente. As primeiras referências sobre a pesca na Nazaré datam de 1643, no entanto, só no início de oitocentos a população se começou a fixar no areal.
A zona actualmente ocupada pelo casario, era, à época, ocupada por dunas litorais que seriam recortadas, a montante, pela foz do rio Alcoa, que ia desaguar muito a norte da actual (a sul do Porto de Pesca), tendo as várias alterações do leito do rio contribuído para a diversificação da geologia local.
Os pescadores locais habitavam, sobretudo, nas partes altas – Sítio e Pederneira – dado que os constantes ataques dos piratas argelinos e holandeses tornavam o areal pouco seguro. Só no século XIX, posteriormente às invasões francesas, é que se reuniram condições de segurança necessárias à fixação dos pescadores junto à praia.
A Nazaré começou a ser conhecida e procurada, como praia de banhos, em meados do século XIX. A sua beleza natural e tipicismo desde sempre atraíram os visitantes. A pesca, a transformação do pescado e a sua venda, foram ao longo de quase todo o século XX, as principais actividades da população. A dureza e perigosidade da vida do mar levaram muitos pescadores a procurarem uma vida melhor noutras paragens. A construção do Porto de Pesca e Recreio, no início da década de oitenta, veio alterar e melhorar a vida dos pescadores, iniciando uma nova fase no quotidiano da vila.
Na década de 60, o Turismo descobriu o encanto desta vila e a Nazaré começou a ser conhecida internacionalmente, sendo visitada anualmente por milhares de turistas nacionais e estrangeiros.
O Sítio, no alto do Promontório, a 110 metros de altitude, abre-se a um dos mais belos panoramas marítimos de Portugal.
Génese do nome da vila, local de milagre, culto e peregrinação desde, pelo menos, o século XIV, o Sítio desenvolveu-se como povoação apenas em meados do século XVII devido ao difícil acesso, tendo crescido bastante ao longo do século seguinte. A instalação de um elevador mecânico, fazendo a ligação entre o Sítio e a Praia, em 1889, deu-lhe um grande incremento populacional, sendo já então muito visitado por peregrinos e romeiros, não parando de crescer até ao presente.
O interesse histórico-religioso e uma beleza natural incomparável constituem os grandes atractivos do Sítio da Nazaré.
O longo promontório que guarda e protege a Praia tem no seu extremo o Forte de S. Miguel Arcanjo. O Sítio dos nossos dias conhece novas peregrinações, entre Outubro e Março, de todos os amantes e curiosos de ver as Maiores Ondas do Mundo.
O concelho da Nazaré é constituído por 3 freguesias: Nazaré, Valado dos Frades e Famalicão, tem uma área de 82,5 km2, cerca de 15 000 habitantes e uma das mais famosas praias da costa portuguesa.
A maior parte da área do concelho é constituída por terrenos planos e arenosos, notando-se nos campos do Valado, próximo dos cursos dos rios, algumas manchas originadas em antigos nateiros que se formaram depois do recuo do mar. A pequena profundidade encontra-se areia grossa e limpa.
Para norte do Concelho o terreno é constituído por dunas com revestimento de pinhal, com algumas baixas cultivadas e produtivas. Toda a cultura hortícola tem grande desenvolvimento especialmente nos campos do Valado, muito férteis e onde permanece uma verdadeira tradição vinda dos frades de Alcobaça.
A pesca absorvia a maior parte das actividades humanas, tanto a pesca junto à costa como a de alto mar.
Hoje em dia, apesar das actividades piscatória e agrícola permanecerem no concelho, a actividade turística tem vindo a monopolizar grande parte dos recursos humanos do município.
Freguesia da Nazaré, Famalicão dista apenas 8 km da sede de concelho. No sopé da Serra da Pescaria e rodeada de férteis campos, a povoação, com uma área de 21,8 Km2 e cerca de 1.700 habitantes, é atravessada pela linha do Oeste (CP).
De cariz essencialmente rural e agrícola, Famalicão tem o seu povoamento ligado aos habitantes de Paredes da Vitória, que no início do século XVI, aqui se vieram fixar, trazendo com eles o culto de N.ª Sra. da Vitória, o que provocou atritos entre os novos e os antigos moradores. Nessa época, a povoação estava dividida em Famalicão de Baixo, que pertencia a Alfeizerão, e em Famalicão de Cima, que pertencia à Pederneira, e para o qual vieram os habitantes de Paredes.
Até ao século XVIII esta divisão manteve-se, altura em que o conflito das duas foi “vencido” por Famalicão de Cima, unificando-se numa só povoação, que começou a crescer enquanto freguesia, sob a protecção do seu orago – N.ª Sra. da Vitória – celebrada todos os anos no mês de Agosto.
Tal como a Pederneira, Famalicão também fazia parte dos domínios de Cister, tendo sido vigararia de apresentação do Mosteiro de Alcobaça, passando posteriormente a priorado.
Actualmente, Famalicão é uma povoação em contínuo desenvolvimento, que tem como base económica a agricultura e a fruticultura, sendo a indústria de fibras de madeira e da cerâmica um pólo de crescimento da freguesia.
A beleza ainda por descobrir da Serra da Pescaria e da Praia do Salgado, são uma mais valia para a terra e um ponto turístico a conhecer, especialmente para os amantes da pesca desportiva, da natureza e das caminhadas.
Vila situada a 6 km da Nazaré, junto à linha férrea do Oeste e ao nó de acesso da A8, é a segunda maior freguesia do concelho, com cerca de 3.100 habitantes, distribuídos por 18,37 km2.
Achados arqueológicos atestam a ocupação romana da zona, no entanto, o povoamento da vila parece só ter começado, efectivamente, no século XIII, com a drenagem do Paúl da Cela a pedido do Rei D. Dinis.
O Valado pertencia à Pederneira, e estava por isso dentro das terras dos Coutos de Alcobaça, tendo por isso sido povoado e desenvolvido pelos monges bernardos.
A origem do nome Valado deriva de “velado” ou de “velar”, por existir neste lugar um monge encarregado de vigiar ou velar pelos campos pertencentes ao Mosteiro, segundo a opinião de alguns estudiosos; segundo outros, o topónimo deriva de “vallo” ou “vallu”, palavra latina que tanto pode significar defesa como trabalho de irrigação ou divisória de terrenos.
A presença dos frades deixou marcas visíveis na vila, para além do nome da localidade. Foram os cistercienses os grandes impulsionadores da drenagem dos campos (antigos pântanos e pauis, deixados pelo recuo do mar, que outrora cobrira a região), e da sua adaptação à agricultura. Aqui instalaram uma das 10 granjas agrícolas dos Coutos, na qual fundaram, no século XIV, uma “Escola de Engenharia Hidráulica e Agrícola”, na Quinta do Campo - hoje transformada numa belíssima unidade de turismo de habitação.
O Valado actual é uma vila dinâmica, onde a exploração agrícola intensiva de minifúndios é a base económica da população, sendo a indústria da cerâmica, porcelana e faiança (utilitária e decorativa), o outro grande pólo de desenvolvimento da freguesia. A instalação de uma Área de Localização Empresarial veio dar um novo impulso económico à vila, criando ao mesmo tempo vários postos de trabalho.
Desportiva e socialmente bastante activa, a vila dispõe das infra-estruturas necessárias à prática de várias modalidades: hóquei em patins; patinagem; basquetebol e futebol de salão. As associações culturais e recreativas desempenham um papel importante na vida dos valadenses.